Paramahamsa Sri Nithyananda

A Missão Nithyananda é parte de um movimento mundial de meditação e paz.

A presença do Paramahamsa Nithyananda no planeta Terra visa criar um novo ciclo de consciência individual levando a consciência coletiva a entrar na zona da Super Consciência.

Nas próprias palavras do Mestre Nithyananda, “a Iluminação floresce quando a consciência individual se dissolve na Consciência Universal. É a experiência da não-mente e a partir desta, nascem o êxtase e a energia. Essa energia é o que eu quero aproveitar para ajudar a humanidade a florescer em todas as dimensões da vida e para alcançar e irradiar o Eterno êxtase - Nithyananda".




domingo, 27 de setembro de 2009

Sinopse do Discurso sobre o Bhagavad Gita em Los Angeles set/2005 - 11° dia



Capítulo 11 – Krishna – A Janela Cósmica

Neste capítulo, Krishna mostra sua forma
cósmica para Arjuna. Ele revela, em vivência, como ele está presente em todos os níveis da Existência e em todos os sentidos. Ele diz: “Em tudo o que há de melhor, eu brilho naquilo”. Aqui, Krishna não está dizendo somente que é Deus, ele prova o que diz dando uma experiência sólida da Consciência Cósmica Universal. Apenas um Mestre Iluminado pode transmitir esta experiência. Essa é a maneira de se dizer se alguém é Iluminado ou não.


Só de ouvir estas palavras, somos transportados para um plano de existência diferente. Elas criam auspiciosidade dentro de nós. Sentimos o êxtase e a alegria assim que deixamos estas palavras imortais entrar em nosso ser e trabalhar sobre nós. E que fique bem claro: se você está aqui sentado, ouvindo estas palavras, elas já estão trabalhando no seu Ser, e se você sente como se não pudesse esperar até o próximo discurso, você já está em sintonia. Automaticamente, seu inconsciente já aceitou estas Verdades. É por este motivo que você volta aos discursos todas as noites.

Neste capítulo, Krishna não dá nenhum ensinamento, Ele apenas compartilha a experiência da Suprema Consciência Universal. Ele mostra claramente que está presente em todo o Universo.

Há três coisas para ser entendidas. A primeira é: será possível vivenciar a Consciência Universal? A próxima é, qual é a qualificação para receber essa Vivência e, por último, o que acontece quando ocorre essa experiência, o que acontece em nosso Ser?

A Verdade só deve ser dita a alguém suficientemente maduro e profundamente conectado. Quando você está maduro o suficiente, você vê todos como Deus, incluindo a si próprio. Enquanto você levar uma moldura e tentar encaixar todos nesta moldura do que você espera que seja Deus, você joga fora a pessoa ao invés de jogar fora a moldura. Ser inteligente é jogar fora a moldura e não a pessoa. Esta é a razão pela qual nos sentimos sufocados e sentimos necessidade espaço. É porque temos a sensação de que os outros estão tentando nos ajustar à moldura deles, à imaginação deles, de como eles pensam que nós devemos ser. Pequenas peças são removidas de nosso Ser.

Krishna ensina que quando você está profundamente conectado com alguém como ele realmente é, você tem uma relação profunda com o Divino. Para que isso aconteça, temos que nos aceitar primeiro, e então nós podemos aceitar as pessoas como elas são.

Uma pequena história: um homem dá um cachorrinho para um casal de amigos que está se casando. Depois de alguns meses, ele visita o casal e pergunta como estão as coisas. O amigo responde, “Ah, está tudo bem, só umas pequenas mudanças. No início, o cachorro costumava latir para mim e a minha mulher trazia meu jornal de manhã. Agora, o cachorro traz o meu jornal e minha esposa é que late pra mim”.

Então como é que podemos vivenciar Deus?

Há duas maneiras de se fazer isso. Uma delas é através de tapasya (intensa meditação). Nós adquirimos maturidade suficiente para alcançar a experiência através de tapasya. A segunda maneira é através de um Mestre que derrame uma energia intensa para dentro de nós, um mestre que insira uma freqüência de Energia maior em nosso Ser. Depois, para manter essa experiência, precisamos de maturidade tanto de corpo como de mente, e assim ficamos Iluminados!

Para uma melhor compreensão sobre a diferença entre essa freqüência elevada de energia, que é a "vontade divina", e a nossa energia, que é a "nossa vontade", é mais fácil ver por este lado: um dos meus devotos me perguntou por que o Furacão Katrina aconteceu. Não há resposta para esse “porquê”. Imagine
que você execute uma comunidade inteira de formigas no estofado do seu carro. As formigas vão chamar isso de Furacão Estofado? Elas conseguem nos perguntar por que isso aconteceu? Não! Pois a lógica das formigas é completamente diferente da nossa. Da mesma maneira, a vontade divina é diferente da nossa vontade. Será que você vai saber dizer se estas coisas aconteceram por livre arbítrio ou se foram predestinadas? Não! Não é possível uma resposta lógica. Se as formigas nos perguntarem, não poderemos responder. E essas formigas podem até estar fazendo a mesma pergunta para uma formiga Iluminada! Seus líderes religiosos podem estar ensinando-lhes idéias sobre como e por que isso aconteceu. Mas a verdade é que eles estão enganando aquelas formigas. Na tentativa de responder a estas perguntas, todas as religiões organizadas acabam provando que são inúteis, pois nenhuma resposta lógica é possível. Precisamos compreender que o nível de vontade é totalmente diferente. É assim que acontece com a “nossa vontade” e a “vontade de Deus”. Tudo o que podemos fazer é aumentar a freqüência de nossa vontade para o nível
da vontade divina.

Nem Deus nem o seu cônjuge pode ser entendido! Tudo o você pode fazer é tentar viver com eles. Quanto mais você tentar compreendê-los, mais problemas você encontra!

Então saiba que quem quer que tente responder a este tipo de questão está te enganando. Muitas vezes eles pregam apenas para convencer a si mesmo. Um pregador, uma vez, confessou isto para mim. Ele sentiu que havia verdade em seus ensinamentos porque tinha dez mil seguidores o ouvindo. Este tipo de pregação pode nos perturbar profundamente. Nosso Ser profundo se sente em desacordo com o entendimento superficial que conseguimos dessas pregações e acabamos em depressão e esquizofrenia.

A Vontade Divina nunca nos perturba.

Devemos ter coragem de entrar na Experiência Espiritual. Após um ano de meditação, muitos começam a ter experiências, as pessoas às vezes não sentem mais os seus corpos. Eles ficam abalados com isso e tentam fugir disso, ainda que a meditação SEJA para se ter esse tipo de experiência. É como convidar um amigo: primeiro você os chama, depois você envia e-mail, você está ansioso para vê-los chegar, mas quando eles aparecem, você diz que estava esperando mais alguém! Temos que aprender a ir só com a experiência; a mergulhar de cabeça na água. Não existe essa coisa de “meditando além da conta” ou “meditando demais”. Se você pensar desta maneira, terá sempre um problema. Saiba que é apenas o seu medo que cria este pensamento. Com o Divino, nada é “além da conta”.

Nossos pensamentos são tão poderosos. Quando nós cantamos mantras sobre os alimentos, eles ficam energizados. Masaru Emoto, um médico e pesquisador japonês, realizou vários experimentos sobre a água a partir de amostras colhidas em todo o mundo. Ele coletou amostras d’água semelhantes e expôs à influências diferentes. Em uma amostra, por exemplo, ele falou palavras positivas como amor e gratidão e recitou mantras budistas; em outra amostra, palavras negativas, como raiva e guerra. Depois ele congelou a água para que ele pudesse fotografar a forma dela. Com as amostras que tinham sido expostas à energia positiva, formaram-se cristais lindamente definidos, como um diamante. Com as que foram expostas às energias negativas, não foram formados cristais; a forma parecia um tumor patológico – escuro e sem qualquer formação geométrica. Mais de trezentos experimentos foram realizados para comprovar os efeitos de nossas palavras e reflexões sobre a água, sobre a matéria. Nosso corpo é formado por oitenta por cento de água; imagine o efeito direto que os nossos pensamentos têm sobre o corpo!

Krishna começa de um maneira linda dizendo: “Ah, Arjuna, deixe-se ver tudo o que existe, tudo o que as pessoas comuns não podem ver”. Este capítulo inteiro do Gita explica o darshan, ou “visão”. Você não pode ver a forma cósmica com seus olhos normais. Você precisa ver através da divya netra, o terceiro olho.

A Experiência Cósmica é possível? A Experiência Cósmica é possível para qualquer pessoa. Porém, enquanto você não tiver certeza dessa possibilidade, a experiência não será possível. Quero que vocês entendam que isso é possível. Quando vocês conseguirem entender, isto vai trabalhar no seu Ser. As palavras trabalham em você, não são apenas palavras. Elas transmitem a energia da Experiência.

Qual é a qualificação para isso? Não há necessidade de qualquer qualificação. Arjuna foi apenas sortudo de estar na presença de um Mestre Iluminado. Ele não assumiu a responsabilidade nem compreendeu o que Krishna quis dizer. A única qualificação que você precisa é estar aqui. Você estando aqui e continuando a vir é o suficiente. Você só precisa confiar que está preparado para esta Experiência. O problema é que, mesmo qualificado, você não confia que é, pois você tem sido tão desrespeitado que perdeu a fé e confiança em si mesmo. Você apenas tem que ser aberto. Por não acreditar que você está crescendo, você se debate consigo mesmo. Você nunca acredita que você é qualificado. Você deve sempre pensar da seguinte maneira: “Se isto acontecer, ou se estiver acontecendo, é porque eu estou pronto”.

Uma vez perguntaram para Ramana Maharshi qual é a qualificação para a Iluminação. Em resposta, ele perguntou: “Você está vivo?” O discípulo respondeu, “Sim”. E Ramana disse: “Isso é o suficiente”. Você pode precisar de qualificações para tudo neste mundo, mas para a Última Experiência, a Consciência Cósmica - não precisa de nenhuma.

Você precisa do Divino Chakshu, o Divino olho. O que é isso de “Divino olho”? Deixe-me falar da minha experiência:

Quando eu tinha doze anos, estava brincando com esta única técnica – nem sequer sabia que era uma meditação naquela época: “Apenas veja de onde os pensamentos estão vindo”. Um dia, no sopé de Arunachala, eu estava sentado em uma pedra, fazendo esta técnica que vinha praticando por dois anos. De repente, algo aconteceu, algo se abriu. Senti como se estivesse sendo puxado para dentro. De repente, eu podia ver 360 graus em todas as direções. Meus olhos estavam fechados, mas eu podia ver tudo na minha frente e atrás de mim. E qualquer coisa que eu visse, sentia como se tudo fosse parte de mim. Foi uma experiência tão impressionante, tão intensa. Demorou de três a quatro horas antes que eu pudesse abrir meus olhos. E eu senti essa febre de êxtase durante os três dias seguintes. Depois, tive um medo tremendo. Comecei a pensar que algum fantasma tivesse me possuído. Eu perguntei a uma senhora espiritual se era isso o que tinha acontecido e ela me disse: “Você não está possuído por um fantasma, está possuído por Deus”. Mas nos seis meses seguintes eu estava com tanto medo que nem meditei. Eu ficava até com medo de fechar os olhos. E não voltei mais para perto daquela pedra. Eu preferia andar quilômetros fora do caminho que tinha que fazer só para evitá-la. Então, um dia, eu contei essa história para um amigo e até provei para ele que era verdade, pedindo-lhe para colocar uma moeda atrás da minha cabeça e dizendo-lhe se era cara ou coroa. Na primeira vez ele riu e, em seguida, depois de algumas vezes, ele começou a ficar com medo. Ele deu uma desculpa para sair e ir ao banheiro e nunca mais voltou! Eu era levado a voltar para aquela rocha vez ou outra. Então eu resolvi pensar desta maneira: “Mesmo que tenha sido um fantasma, essa experiência foi tão positiva, que talvez não seja uma coisa tão ruim assim”. Mas o medo me manteve longe de ir para lá de novo.

Após esta experiência, seguiu-se nove anos de intenso tapas, apenas para obter a mesma experiência novamente. E quando isso aconteceu, meu corpo e minha mente estavam preparados e a experiência nunca saiu.

Com a experiência cósmica, você percebe que todo o Cosmos está vivo. E você expande sua consciência corporal para incluir ela nessa experiência. O que você normalmente vivencia com o seu corpo você sente também com todo o Universo. O problema é que, mesmo com o nosso próprio corpo não nos sentimos vivos! Quando você tem essa experiência, você vê que tudo tem uma forma única. Você se sente “um” com o “todo”. Você perde o senso de onde começa e onde termina, você perde a noção de seus limites. Você é Infinito. Você larga todo o seu ego e se dissolve no Divino. Quando você vê 360 graus em todas as direções, você vê que não há início, meio ou fim para se segurar.

Krishna descreve isto de modo que todos nós sejamos inspirados a atingir esta forma. Não existe nenhum outro registro de Consciência Cósmica tão clara como no Gita. Arjuna é elevado à experiência de Krishna para que também possamos vivê-la com ele. Então, no final do capítulo, quando o medo toma conta de Arjuna, ele começa a descer dessa experiência. O medo diminui a frequência da vontade dele, levando-o para fora da faixa vibratória do Divino.

Arjuna diz, “Minha mente está perturbada pelo medo. Eu já não posso manter o equilíbrio da minha mente”. Que fique claro: não existe “equilíbrio de sua mente”. Enquanto você tentar manter o equilíbrio da mente, você vai continuar neste mundo maluco. O que Arjuna na verdade está dizendo é que ele quer o controle sobre a causa e efeito. O ego está tentando fincar-se no controle intelectual que está tão acostumado a ter. Você deve compreender que apenas o medo é o que separa você da Consciência Cósmica.

Logo após minha Iluminação, eu estava meditando em uma floresta fora de TamilNadu, imerso na Consciência Cósmica, então uma cobra deitou-se perto de mim bastante feliz, mas eu não a tinha visto. Quando eu abri meus olhos, primeiramente não fui capaz de perceber a cobra. Lentamente, o pensamento “cobra” me veio. No momento em que o pensamento “cobra” veio na minha cabeça, eu vi claramente que, na mente da serpente, veio o pensamento “homem” e o medo aflorou nela, e ela foi embora.

Todo o Universo responde a cada um dos seus pensamentos. O medo se manifesta de duas formas: no nosso instinto de sobrevivência e no nosso instinto de possuir. Quando você deixa de lado esses dois, você passa a existir para sempre.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sinopse do Discurso sobre o Bhagavad Gita em Los Angeles set/2005 - 10º dia

13 de setembro

Capítulo 10 - Eu Sou o Supremo

Krishna declara sua glória, como ele é o mais elevado e como isso se manifesta através dele. Ele é corajoso o suficiente para declarar isso, não pelo seu ego, mas de uma maneira que Arjuna possa vivenciá-lo, e, através de seu ser, ele possa experimentar uma ligação profunda com a Existência. Esta é a essência de todo este capítulo.Se uma onda começa a acreditar que é uma parte separada do oceano, ela irá resistir ao fluxo natural das marés, embora ela ainda seja parte do oceano. Da mesma forma, se nós resistirmos à Existência, vamos lutar até que finalmente vamos perceber que somos parte desse grande conjunto.
Seu Prana (respiração) é propriedade da Existência. Se ela não fluir para dentro e para fora, o que você considera como ‘você’ não irá funcionar do jeito adequado. É comum você achar que onde termina o corpo, termina também seus limites externos. É por esse motivo que você tenta tanto proteger a si mesmo. Você calcula: “O que eles querem de mim” e “O que eu deveria fazer antes de me fazerem alguma coisa”. Você está na defensiva antes mesmo de ser atacado. A defesa é só uma palavra educada para ‘ofensa’. Cada país alega que sua operação militar é “defensiva”. Então, quem é ofensivo?
Krishna ensina o Segredo dos Segredos: a Existência não é uma inimiga: é uma amiga, é a sua aliada. É pura inteligência, ela responde a todos e a cada um de seus pensamentos. Ela protege e cuida de você. Quando vivemos com a atitude de que a Existência, Parashakti, é nossa amiga, sentimos uma grande facilidade, vivenciamos uma ligação profunda com a Existência.
Krishna diz, “Eu sou aquilo, Eu sou a Existência”. Se estudarmos este capítulo com uma devoção e sinceridade profunda, nós vamos crescer com Arjuna. Krishna explica sua glória não para sua graça, não por ego, mas para a graça do próprio Arjuna.Um rei vai encontrar um Dakshinamurti Swamigal. O Swami está sentado, meditando sob uma árvore e o rei fica esperando que o swami se levante e faça condolências. Então o rei diz: “Você é um mendigo, eu sou um rei, como ousa não mostrar seu respeito por mim?” O Swami apenas ri e diz: “Na verdade você é o mendigo. Você é quem está implorando respeito de mim. Eu me sinto respeitado quer me respeitem ou não. Minha consciência não é afetada por respeito nem por desrespeito”.
Que fique claro: a partir do momento em que você pede, acaba se tornando um mendigo.
Quando você se sente profundamente ligado a alguém, você vê ele ou ela como o Divino. Arjuna está totalmente apaixonado e entregue à Krishna. A cabeça parou de funcionar, a sua lógica não é mais analítica. Nós não sabemos o significado da expressão “cair de amores”. Esquecemos o caminho para uma conexão profunda através do coração, como se relacionar intensamente com o outro. Em sânscrito, não há nenhuma palavra equivalente em inglês para “divórcio” porque o conceito não existe. Se você se sente fortemente ligado, se você sabe como abrir a si mesmo, até mesmo uma pedra pode guiá-lo.Em Daskhina, Calcutá, há uma estátua da deusa Devi feito em mármore preto. Ramakrishna foi colocar quatro pulseiras feitas de concha em cada um dos seus punhos. Em três de seus braços é possível deslizar facilmente e colocar a pulseira, mas em uma das mãos ela segura uma cabeça. Acontece que, de alguma maneira, Ramakrishna conseguiu passar aquela pulseira. Um devoto ficou chocado ao ver que a quarta pulseira também tinha sido colocada. Ele olhou para ver se a pulseira ou se a estátua tinha sido cortada, mas não havia nenhum sinal de corte. Ele perguntou, “Como você passou o bracelete neste braço”? Ramakrishna disse, “Eu apenas pedi para a Mãe soltar a cabeça por alguns instantes, enquanto eu colocasse a pulseira. Ela soltou e depois pegou novamente”. Nem a pulseira, nem a estátua foram cortadas. Tenho visto a divindade com os meus próprios olhos. Continua a ser um mistério até hoje.
Quando você se sente profundamente conectado, até mesmo uma estátua pode responder à profundidade e intensidade da conexão que você sente. Mas estamos com medo da própria vida. Nós fazemos seguros de vida, que são, na verdade, “seguros de morte” se você pensar bem nisso. Pense nisso: somente aqueles que permanecem após a sua morte vão aproveitar o seguro. O verdadeiro seguro de vida é a devoção à Existência; é entender que a Existência está cuidando de você. Quando você tem profundo amor pela Existência, você é guiado e cuidado. A Existência sabe exatamente onde encaixar você na vida.
Saiba que se você estiver vivo, a Existência precisa e quer você. O Divino está sempre removendo o que não é necessário. É uma perfeita Energia. Deus não está próximo da limpeza; Deus é a própria limpeza. Nós não estamos vivos por um acidente; somos um incidente. Quando sentimos isto, podemos nos ligar a Existência. Sua mente está preparada para ficar em sintonia, para se entregar à vontade última do Divino.
Precisamos saber como abrir o “Eu”. Precisamos ter profunda confiança; confiar mesmo se sentirmos que estamos sendo explorados. Há dois tipos de vidas que se pode viver: ou vivemos com total confiança, ou vivemos com um sentimento de insegurança. Quando vivemos com uma atitude insegura, somente torturamos a nós mesmos e às pessoas ao nosso redor. Quando vivemos com confiança, nossa própria existência pode salvar a terra.
A energia em nosso corpo é capaz de converter pão em sangue. Se precisássemos fazer isso, seria necessária uma indústria de três quilômetros de comprimento! Mas a coisa toda se passa dentro de nosso corpo! O grande problema é que não confiamos na nossa energia. Podemos viver sem sentir insegurança ou medo. Podemos viver sem pensar. O problema é que nunca tentamos pôr em prática essas idéias na nossa vida. Podemos ouvir ou ler sobre elas. Mas para vivê-las é outra coisa. Se pudermos sentir profundamente o que Krishna fala, nós podemos vivenciar isso. Um mestre representa a Consciência Divina. Quando Krishna diz, “Eu”, Ele que dizer “Consciência Cósmica” - o Divino Último. Quando Ele diz, “Eu”, Ele se refere à forma também. Mas a forma só é bela se guiar você à não-forma. Forma é apenas uma ponte para vivenciar o Divino. Forma é apenas uma representação do Divino. Se você é sincero e intenso, não importa se é a forma que leva que você ao Divino. O Divino está em todas as formas. Se você vê só o dedo apontando para a lua, você vê o dedo, mas perde a Lua!
Muitos se perguntam “Eu sinto que estou muito perto, como se eu estivesse quase lá. O que está faltando? Onde eu me perco?” Esta é a uma questão que eu quero que você se faça, que estou tentando fazer com que você me pergunte! É preciso criar vontade para que então você, naturalmente, vivencie a Verdade. Mas, como você sente demasiado ego em seu Ser, você vê também muito ego nos seres divinos. Se você conseguir deixar o ego de lado e ouvir intensamente, você vai poder ver o Divino como ele realmente é. Arjuna está completamente derretido, e é por isso que ele agora vê Krishna como Existência, o mais Elevado, o Divino.Se estivermos centrados no orgulho, capturaremos o Divino para pedir coisas e começamos a mendigar. Se estivermos centrados no medo, pediremos proteção. E no momento em que você exige o Divino desaparece. Sua atitude desempenha um papel importante para que você enxergue o mestre como Divino e Ele o enxergue também como Divino. Para a cura acontecer, é necessário um tipo especial de ponte. Um amor profundo é necessário. No momento em que você coloca as coisas como um negócio, a beleza dessa conexão é perdida e a ponte é quebrada. Se a ponte estiver lá, você será curado. Não é preciso nem estar na minha presença, comigo, ou no meu espaço. Não há necessidade de proximidade física. Seu profundo amor, confiança e devoção são necessários. É uma relação entre você e o Divino, sua capacidade de receber a cura. As pessoas me avisam que foram curadas por mim à quilômetros de distância, e pedem uma confirmação se é isso mesmo. Eu posso fazer o download da informação e partilhá-la com eles. Mas no momento em que eu declaro que fui eu que apareci ou que curei, essa cura acaba. Contanto que eu deixe bem claro que é Parashakti - a Consciência Cósmica que está utilizando essa forma, ela continua curando. Ela usa a forma das pessoas que se renderam a ela.Se você consegue simplesmente sair do seu sistema, o Divino pode entrar! Você conseguirá o que você quer ter no momento em que você largar a idéia de “ter”. As pessoas me perguntam se elas podem seguir outro mestre. Eu não apenas digo que sim como também os incentivo a seguir outros ensinamentos. O ego precisa ser esmagado por todos os lados. Tudo o que precisamos é que você cresça, que você vivencie a Verdade. Para quem você se entrega não é importante. É a própria atitude de renúncia, de se sentir profundamente ligado, que é o suficiente para transformá-lo. A própria chama, a busca, a intensidade - é o suficiente. Tudo que eu estou tentando fazer é apenas isto: criar essa chama em você. Dou-lhe uma pitada, um vislumbre, a profunda inspiração para que isso aconteça. Estou aqui para converter as suas perguntas em uma busca.
Somente quando você aceitar-se profundamente como é, vai sentir uma conexão profunda com os outros. Você vai sentir uma profunda simpatia. Esta é espiritualidade. Podemos sorrir, como modelos, mas sempre vamos manter uma distância segura porque nunca nos sentimos profundamente conectados. Pelo menos aceite que você não é capaz de aceitar-se como é, e você vai se soltar da mente para atingir seu verdadeiro Ser. Isso é o suficiente. A própria aceitação vai abrir uma nova consciência em você. Aceite tudo como é e você vai experimentar o Divino em tudo. Ocorrerá uma mudança cognitiva em você no momento em que você simplesmente aceitar. Sua cognição vai ficar centrada no êxtase e vai vivenciar o Divino em tudo. Todos os slokas precisam ser vividos antes de serem entendidos intelectualmente. O verdadeiro entendimento é a experiência. Há cinco coisas para se vivenciar: aceitar a si próprio, ligar-se profundamente com o Divino, confiar, abrir-se completamente e deixar pra trás todos os interesses (desistir de pedir e esperar que isto ou aquilo faça você feliz).
Quando você quer somente Deus, você começa a vivenciar Deus. Você sente como se estivesse derretendo, expandindo. Essa expansão traz grande alegria, por que você está se tornando uma parte da grandeza e da Glória. Você começa a sentir esta grandeza. Você desfruta da mesma alegria e êxtase. E isso é tudo o que existe!

Sinopse do Discurso sobre o Bhagavad Gita em Los Angeles set/2005 - 9º dia

12 de setembro
Capítulo 9 - O Segredo dos Segredos

Krishna está revelando aqui o segredo supremo. Quando você conhece este segredo, não há diferença entre você e o Divino. Os discípulos, muitas vezes, tentam atingir o status do Mestre, em vez de seu estado. Estado é diferente de status. O estado é que deve ser alcançado, não o status. Se você se preocupar apenas com o status, ficará preso a sentimentos de inveja. O estado de um Mestre é uma fonte de inspiração para você. Se você apenas tentar alcançar o status, o estado jamais será alcançado. É como perseguir uma sombra; você tenta agarrá-la, mas não consegue. Mas, se você trilhar o caminho do estado, ela simplesmente o seguirá.

A única diferença entre um Mestre Iluminado e um homem é que o Mestre Iluminado está acordado, enquanto o homem está dormindo. Quer você acredite ou não, aceite ou não, queira ou não, você é Deus. Você pode dormir por quanto tempo quiser.
Arjuna não sente inveja de Krishna, e, assim, prova que tem maturidade suficiente para Krishna compartilhar o Segredo Supremo. Esse conhecimento é o ensinamento secreto, pois dá conhecimento direto de uma percepção que é eterna. Uma religião deveria ser caracterizada por três qualidades importantes: primeiro, ela deveria descrever o objetivo da vida. Segundo, deveria traçar um caminho claro para chegar ao objetivo. E, por último, deveria dar a você a alegria para seguir pelo caminho. O maior segredo é que isso deve ser feito com alegria!
Por que esse conhecimento tem de ser secreto? O conhecimento supremo não é para as massas. Ele pode ser perigoso para a pessoa que o recebe, caso ela não seja espiritualmente madura. Se você falar para um criminoso que ele é Deus, ele utilizará o conhecimento de forma errada, para justificar suas ações imorais, enquanto uma pessoa que percebe que é Deus irradia compaixão, inocência e simplicidade. Simplicidade é o segredo da grandeza.
Krishna declarou que Ele é Deus. Isto é um segredo, porque não pode ser dito a uma pessoa que ainda não está madura. Deus não pode ser oferecido como café instantâneo. Não se pode ter Deus instantaneamente. É necessário um processo de amadurecimento. Na verdade, quanto mais você apressa esse processo, maior é a espera. A pressa em si adia a experiência. Ela não deixa você relaxar.
Todas as nossas escrituras são chamadas de Upanishads. A palavra "Upanishad” significa “sentar-se”, porque só se pode ensinar a uma pessoa que está sentada e esperando pelo Mestre. No sistema indiano, temos muito respeito pelo conhecimento. No oriente, o compromisso financeiro não é condição para a educação. Na verdade, geralmente, alimentação e acomodação são oferecidas gratuitamente para aqueles que estão em busca de conhecimento espiritual. Mas você deve comprometer-se psicologicamente. No ocidente, o contrário é verdadeiro. O compromisso econômico é pré-requisito, mas o compromisso psicológico é deixado de lado. É por isso que a educação, no oriente, vai para a pessoa certa, para alguém que está profundamente interessado, e a qualidade da educação daquela pessoa é garantida.
Uma pequena história:
Um homem tem problemas para respirar. Ele vai ao médico, e o médico diz, “Fique debaixo da água gelada por duas horas.” O homem fica chocado, e diz, "Se eu fizer isso, certamente vou ter asma." O médico diz, “Sim, é isso que eu quero. Asma, pelo menos, eu sei tratar.”
Quando você tiver um comprometimento psicológico profundo, terá a experiência. Esse conhecimento é o maior dos segredos. É o mais puro conhecimento, pois lhe dá a percepção direta: a Percepção de Si Mesmo.
O objetivo supremo é a Iluminação. O resultado é eterno, e feliz. Quando temos um vislumbre desse estado, retornamos dele após certo tempo. O que podemos fazer para atingir o estado eterno que é a Iluminação? Krishna responde o seguinte: Abra seu Ser por completo. Apenas entenda o Segredo Supremo: niyama yama - traga mais compreensão para dentro do seu Ser, do seu Espaço Interior; então, você vivenciará a Energia sem forma. Embora existam muitas formas, existe apenas uma Energia. Aqui, ele está falando sobre Espiritualidade Quântica.
Quando você entender que tudo é Energia, o medo será removido do seu Ser. A Energia assume muitas formas: terra , fogo, água, ar, e akasha (éter). Podemos observar os efeitos e manifestações da poluição da primeira, mas não conseguimos fazer o mesmo com akasha. Por exemplo, vemos os efeitos da água nas enchentes de Nova Orleans. Akasha foi perturbado por nossa negatividade coletiva. Os países que sofrem de depressão têm efeito sobre a energia negativa coletiva do akasha. Se o akasha está poluído, o mundo inteiro é afetado. Espaço é energia. Espaço não é apenas vazio, é energia.
O universo inteiro é pura inteligência. Ele pode responder aos seus pensamentos. No momento em que entende que um universo inteligente está tomando conta de você, então você relaxa completamente. Quando penetra no seu Ser, este único entendimento é suficiente. Você não mais se sente inseguro ou preocupado com nada. Você vivencia uma paz profunda, e tem a confiança para viver por inteiro. Você sabe que você é uma parte dessa inteligência cósmica, e vive em êxtase.
Êxtase não é apenas um estado de humor. É sua própria consciência, seu Ser. O estado de êxtase vai aparecer e desaparecer. Se ele aparece e desaparece, você está tendo vislumbres iniciais de êxtase. Quando você vivencia o verdadeiro êxtase, ele é eterno, perene.
Krishna diz, “Aqueles que se transformam em mim, vivenciam a Consciência Eterna. Eu tenho o que lhes falta, e preservo o que eles têm.” Nenhuma outra encarnação declarou isto. Não é apenas uma afirmação. É uma promessa. Você terá tudo, e nada se perderá.A mente ocidental, naturalmente, pergunta, “Como posso ter tudo isso simplesmente por meditar?” A física quântica atualmente comprova que matéria é energia – que são os seus pensamentos que criam o mundo em que você vive.
Um professor universitário realizou uma série de experimentos utilizando plantas. Três roseiras foram colocadas em três salas separadas, em condições ambientais idênticas. Na primeira sala ele utilizou palavras belas, positivas: “Não se preocupe, eu vou cuidar de você, e proteger você, você não precisa de espinhos.” Na segunda sala, ele não usou palavras negativas nem positivas com a planta. Na terceira sala, ele criou energia negativa com suas palavras: “Você é feia. Não gosto de você." As frases foram repetidas por vinte e um dias. A primeira planta dobrou de tamanho e não tinha espinhos. A segunda planta apresentou crescimento normal. A terceira planta terminou morrendo. Esse experimento foi repetido onze vezes, com os mesmos resultados. Ele comprovou, sem sombra de dúvida, que a Existência responde aos seus pensamentos.
Não pense que você pode pensar o que quiser na sua vida interior, e não ver suas manifestações na vida exterior. As duas são exatamente a mesma coisa. A exterior é uma expressão da interior. Criamos toda a nossa Existência através dos nossos pensamentos. Atraímos amigos e colegas de mentes semelhantes. Quando nos espiritualizamos, não conseguimos mais nos relacionar com aqueles que pensam de forma mais materialista.
Você cria o universo a partir do seu ângulo de visão. Você projeta o seu mundo, e o enxerga através do slide ou filtro da sua mente. Se seus pensamentos mudam, o universo inteiro muda. Se você se sentir só, enxergará inimigos. Se você se sentir parte do Todo, vai relaxar. Você tem o poder de criar milagres na sua vida.
Uma vez, quando eu estava em Haridwar, na Índia, fiquei muito doente, e não conseguia nem andar. De repente veio este sannyasi, e cuidou de mim por três ou quatro dias, até que eu fiquei bem. Eu me aproximei dele. Ele me disse que estava ficando num ashram próximo, e que se chamava Shankara. Eu notei que ele tinha uma pena de diamantes presa à roupa, e perguntei por quê. Ele disse que um dos devotos a tinha dado a ele, e que ele havia gostado muito da pena, e decidiu ficar com ela. Depois de alguns dias, ele deixou de vir. Decidi que eu deveria ir visitá-lo. Fui ao ashram e perguntei pelo Swamiji Shankara. Disseram, “De quem você está falando? Aqui no ashram só existe um Shankara. Vá até o templo, e veja.” Entrei no templo e vi a divindade Shankara, com a mesma pena de diamantes, e as mesmas roupas. Meus olhos se encheram de lágrimas. Uma imensa gratidão fluiu. Eu perguntei quem tinha colocado a pena na divindade, e me disseram que tinha sido um dos devotos, que ela tinha sido feita especialmente para o Senhor. Era uma peça única.
A qualidade do seu espaço interior pode criar milagres na sua vida. O poder de criar milagres é o que eu chamo de “poder da coincidência”. Só temos que nos abrir, e confiar que nossa Consciência está conectada ao universo, que o Divino está cuidando o tempo inteiro de você.Assim como você cria seu mundo no estado de sonhos, você também tem o poder de criar seu mundo no estado desperto. Quando você está centrado na Consciência Universal, atrai o poder da coincidência.
O maior milagre de todos não é transformar água em vinho. Já existem muitas vinícolas cuidando disso. O maior dos milagres é transformar o homem em Deus. Êxtase atrai fortuna. Existem três elementos principais que criam fortuna ou riqueza: Clareza de pensamentos, criatividade e responsabilidade, a habilidade de responder espontaneamente. Os três criam e preservam a riqueza. Se você entrar em êxtase, os três vão acontecer com você. Quando você cultiva o estado de êxtase, quando cuida do seu Espaço Interior dessa forma, você é uma bênção para a existência, e ela derrama gratidão sobre você.
Krishna diz, “O que você me oferecer, eu vou aceitar." Quando damos ao Divino, expressamos a vontade de nos conectarmos com ele. Você convida o Divino a entrar no seu espaço interior. E, quando isso acontece, automaticamente tudo se resolve no seu espaço exterior. Quando enxerga o mundo como sendo puramente material, você luta contra ele; entra em conflito com ele. No momento em que percebe que é um só com ele, que é parte do Todo, você relaxa, e se ilumina. Este sloka é o guia do preguiçoso para a iluminação.
No momento em que relaxa em Eterno Êxtase, naturalmente você está sendo bem cuidado.
Você vai vivenciar os espaços Interior e Exterior em Êxtase – Nithyananda.

Sinopse do Discurso sobre o Bhagavad Gita em Los Angeles set/2005 - 8º dia


11 de setembro

Capítulo 8 – A arte de partir

Aqui Krishna fala sobre a morte. Ele explica como a morte pode tornar-se uma liberação e uma celebração. A morte é morte da maneira que encaramos e pensamos ser o fim somente quando não a entendemos. Se virmos a morte dessa forma, nos preocupamos; vivemos na sombra da morte e a vida se torna sem graça. Mesmo ao viver nós morremos. Aquele que entende a morte irá viver mesmo quando morrer. Morte e vida não são meros incidentes; eles estão relacionados à sua inteligência.



Não temos as palavras certas em inglês para traduzir muitas das lindas expressões em Sânscrito. No momento que as traduzimos, só temos uma dimensão do sloka. Sânscrito não é só linguístico, ele tem poder na
dimensão fonética. O próprio som e vibração irão transformar você.

Precisamos entender o conceito de padam padartha. Se a palavra “vaca” é pronunciada, a distância entre a palavra (padam) e a figura (padartha) não existe em Sânscrito assim como em outras línguas. Você nem mesmo tem de entender o significado das palavras em Sânscrito. O simples som irá purificar seu corpo. Sabdha é onde o ar viaja do umbigo até a lingua. O sabdha transforma o ar em palavras ou sons. Quando você canta Sânscrito, o sabdha se fortalece e cria palavras mais perfeitas. Em outras línguas, ele se enfraquece. Sânscrito purufica todo o seu Ser. Apenas 10 minutos por dia são suficientes; as vibrações entram no corpo imediatamente e o purificam.

Lindamente Arjuna pergunta, “O que é Brahman, o que é o Self, qual é a manifestação disso e como Krishna permanece no corpo.”

Krishna revela os segredos da morte. O ocidente gastou toda sua energia em entender a vida, enquanto o oriente sabiamente gastou seu tempo em entender a morte. Os Mestres trouxeram aos vivos o dom de entender a morte. Existem muitos que temem a morte, ou imaginam por que mesmo eles deveriam entender a morte. O Seu entendimento da morte irá afetar todo seu modo de viver sua vida. O conceito da reencarnação no oriente encoraja muitos a ignorar o Tempo. Muitos se apóiam na eternidade. Eles sentem que têm todo o tempo e isso leva à falta de motivação para tirar o máximo de cada momento. No ocidente, nunca temos tempo suficiente; vivemos agora, ou nunca.

O modo pelo qual você entende a morte influencia toda a infraestrutura de sua mente. Todos os seus pensamentos são transformados uma vez que você entende os segredos da morte. Uma vez que você entende, toda a qualidade de sua Consciência muda. No momento que vivencia a Verdade, ou mesmo tem uma compreensão intelectual, ja é suficiente; seu modo de pensar será totalmente transformado.

“Yamá” significa morte e disciplina. Uma vez que entende a morte, sua vida se torna disciplinada de uma forma estranha e sincera. Sincera no sentido de que a maior parte de nossa disciplina é geralmente hipócrita.

Precisamos entender que o espaço interior de Krishna é totalmente puro, intocado. Esse é o verdadeiro significado de de brahmacharya. Ele nunca vivencia Seu corpo. Ele nunca desce à consciência normal do corpo. Quando você realiza uma ação sem a consciência do corpo, seu espaço interior permanece puro. Você pode comer e ainda assim não ser tocado pela comida.

Um sannyasi vai até Jnanajara, um grande Rei Iluminado. Ele pergunta, “Como você pode dizer que é iluminado e ainda assim desfrutar de tanto luxo em sua vida?” Agora, você tem de entender algo a respeito de sannyas. Se você abandonar ou fugir do mundo exterior com esperanças de ganhar o mundo interior, você começa a desrespeitar aqueles ainda vivendo e desfrutando do mundo exterior. E não somente isso, você começa a sentir-se invejoso e ressentido. Em resumo você fica preso entre dois mundos. O rei responde, “Hoje à noite estou ocupado indo a uma festa, por que você não fica em meu palácio? Em um ou dois dias poderemos conversar”. Os preparativos apropriados são feitos para o sannyasi e o rei instrui que uma faca apontada para baixo seja pendurada por uma linha por cima da cama do sannyasi. O sannyasi não conseguiu dormir nem por um momento. O tempo todo ele estava com medo que a faca pudesse cair. O rei perguntou a ele no dia seguinte como havia passado a noite. “Você sabe muito bem o que você fez, por que pergunta, como poderia sonhar em dormir?” perguntou o sannyasi. O rei riu. “Quando a morte está bem à sua frente, toda a sua vida muda. Você pode ver, minha Consciência é inteiramente diferente. Posso viver com todas essas coisas em meu palácio, no entanto meu espaço interior é intocado por elas pois sei que a morte pode acontecer a qualquer momento.”

Dessa forma, Yama faz seu estranho e sincero efeito sobre sua vida. Se você entender apenas este conceito, seu Ser será inteiramente transformado. Existem algumas verdades que não podem ser explicadas pela lógica. A lógica só pode explicar eventos no mundo externo, não no mundo interno. Algumas verdades somente podem ser explicadas através da experiência. Com experiência, você conhece a Verdade sem dúvida.

Precisamos entender por que tomamos um corpo. Através do medo, ambição, culpa e dor coletivamente chamados samskaras (memórias incrustadas). Trabalhamos não apenas com os samskaras que trazemos para nossas vidas, também tomamos outros desejos de outras pessoas na sociedade. É por isso que temos uma escassez de energia. Acredita-se que trazemos exatamente a quantidade de energia que precisamos para trabalhar com nossos samskaras, mas por que acumulamos mais, temos uma escassez de energia.

Agências de propaganda sabem que qualquer coisa relacionada ao sexo irá tocar o seu chakra muladhara (centro de raiz) e será gravado em seu sistema. Quando é gravado ele se aprofunda em seu Ser. Ele o impele a comprar o produto associado. Você automaticamente age em cima dessa idéia. Ele se expressa através de você.

Karma significa um desejo que não foi realizado. Se não vivenciamos algo profundamente, criamos um samskara. Um samskara é uma energia viva. Ela tem o poder de impelí-lo a fazer a mesma coisa repetidas vezes, e quanto mais você faz, mais entranhado se torna. São nossos samskaras que determinam nossas vidas. Todas as decisões são tomadas pela sua Consciência sobre a vida que você irá viver baseado nos samskaras que você reuniu.

Mesmo o desfrutar dos sentidos nos foi ensinado em uma tenra idade. Eles são respostas aprendidas, não são originais de nosso Ser. Existe uma tribo africana que não experimenta nenhuma dor ou prazer relacionados aos sentidos. Eu vivi entre eles por vários meses e observei como eles vivem. Eles sentem tudo intensamente mas não são condicionados a sentir dor ou prazer. Nem uma única pessoa sofre de depressão entre essas pessoas. Mulheres dão à luz, sozinhas em uma simples cabana, sem nenhum médico ou atendente e o processo todo leva meia hora. Elas não passam por nenhuma dor durante o nascimento. As mulheres também não passam por dores menstruais ou problemas durante a menopausa. A razão para isto é, as mulheres são profundamente aceitas. Elas nunca são desrespeitadas. No momento em que uma menina passa por seu primeiro ciclo menstrual, a tribo cai a seus pés e ela os cura. É uma experiência tida como sagrada.

É o nosso condicionamento social que nos faz sentir dor ou prazer. Nossa mente é condicionada pelo que quer que pensemos como ideal. Quando escolhemos uma nova vida, seremos atraídos pela vida que nos permitirá viver aqueles que são os samskaras dominantes em nosso Ser. Se temos prazer em comer, seremos atraídos pela vida que nos permite experimentar isso.

Uma pequena história: Um homem vai a seu médico e diz, “Doutor, por favor me examine. Não sinto vontade de fazer nada. Me sinto tão apagado. Diga-me em português claro o que há de errado comigo.” O médico diz, “ Se você me pergunta em português claro você é preguiçoso.” O homem fala, “Agora em termos médicos, para eu poder dizer à minha esposa”.


Entenda que você desperdiça energia mesmo sem fazer nada. Você se cansa até mesmo de dormir num determinado momento. Sua energia se torna tamas. Quando você morre, somente consegue viver três kshanas sem um corpo e uma mente. Um kshana é o intervalo entre dois pensamentos. Se você vivenciou a existência sem corpo nem mente, você experimentou a consciência desprovida de pensamento. Isso é conhecido como samadhi. É pura consciência sem pensamentos, a Consciência que testemunha: onde você simplesmente observa o que se passa dentro de você e ao redor de você. Todas as práticas espirituais são para direta ou indiretamente experimentar essa Consciência. Se você não atingiu nem um vislumbre de samadhi, consciência desprovida de pensamento, você não alcançou nada na vida. Se você não viveu nem um único momento disso, você irá correr para os próximos corpo e mente disponíveis; você não irá escolher conscientemente. Muito raras almas escolhem famílias que não perturbam suas práticas espirituais. Se você tomou um nascimento consciente nesse sentido, isso é conhecido como yoga prashta.

Precisamos entender exatamente o que ocorre quando deixamos o corpo. Essencialmente atravessamos todas as sete camadas do nosso Ser: físico, prânico, mental, etérico, causal, cósmico e nirvânico. Quando primeiro deixamos o corpo, passamos por tremenda dor na camada física. Isso é descrito como mil escorpiões picando de uma só vez. Não quero assustar você, mas é melhor saber a Verdade agora , quando alguma coisa pode ser feita a respeito. O corpo está machucado ou exausto no momento da morte. De uma forma ou de outra, ele não pode mais abrigar nosso Ser. Quando vivenciamos essa dor, ficamos inconscientes. Assim, não escolhemos nosso próximo nascimento conscientemente.

A camada prânica é relacionada aos desejos. Prana ou respiração e desejos são intimamente relacionados. Se você modificar seu prana, sua mente muda por completo.

O corpo mental abriga toda a culpa. Culpa não é nada além de emoção renovada em nosso Ser com inteligência atualizada. Na idade de sete anos, você tinha uma certa quantidade de inteligência. Agora ela está atualizada. Você tem mais informação e mais inteligência para processar os dados. Você tem mais software. Você se sente mal hoje em dia a respeito do seu comportamento aos sete, você cria culpa. Não se pode tornar-se uma pessoa melhor através da culpa. É só um fardo sobre seu Ser. Primeiro, a sociedade ensina culpa, então nos tornamos mestres na arte.

Um homem fala, “Deixar de fumar é fácil. Já consegui muitas vezes!”. A culpa cria um padrão similar. Saiba também que o comportamento imoral é por que você não tem energia suficiente. Você acha que irá adquirir energia através daquela ação. Quando você tenta alcançar os prazeres dos sentidos, está apenas tentando adquirir energia.

Na camada etérica, você tem estocadas todas as experiências dolorosas. Se você mantiver essas primeiras quatro camadas limpas através da meditação, você não irá vivenciar o estado de inferno. Apenas um vislumbre de samadhi, um momento de Consciência desprovida de pensamento, de Consciência testemunhadora, irá funcionar como uma tocha e você passará por todas essas camadas suavemente no momento da morte.

Ao morrer, a sua experiência mais intensa será trazida à tona. Se você já passou pela consciência sem pensamento pelo menos uma vez, esse momento será revivido em cores e todo o resto estará em preto e branco. A fita será congelada nesse ponto. Todo o resto, todos os seus karmas serão apagados. Não pense que sua mente é inteligência. É apenas um software, um programa. A Consciência sem pensamento é como um vírus que apaga todos os samskaras, engramas.

Se você viver a vida inteira em Consciência sem pensamento, você não sentirá a necessidade de retornar e viver através de corpo e mente. Quando você tem a Consciência testemunhadora, sua vida inteira se torna um leela, uma encenação, e você sabe o roteiro. Você pode praticar isso a qualquer momento. Testemunhe a forma como quando você fala com alguém, já está preparando o que dizer em seguida. Imediatamente, você observa toda a dor, culpa e sofrimento em sua vida. No momento em que você cria um espaço entre você e seu Ser, todo o sofrimento desaparece.

Não seja calculista a respeito. Não pense, “Pelas próximas 24 horas eu farei isto”. Você ficará frustrado e cairá em culpa. Uma vez que você experimenta o sabor da Consciência sem pensamentos, você irá naturalmente retornar à mesma situação, o êxtase é tamanho! Você irá relaxar profundamente em seu corpo e Ser.

Krishna está nos inspirando a entrar no mais alto estágio de Consciência sem pensamento, o Êxtase Eterno – Nithyananda.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sinopse do Discurso sobre o Bhagavad Gita em Los Angeles set/2005 - 7ºdia

10 de setembro


Capítulo 7 – O Sistema Indiano de Comunidade



O sétimo capítulo do Gita é Dhyana Yoga. Repetidamente Krishna está dizendo a mesma Verdade. Você deve se perguntar por que existem tantos capítulos para dizer a mesma coisa. Para aprender meditação, dois minutos são suficientes. Para aprender o que a meditação não é, são necessários dez dias!

Precisamos compreender a Verdade da lógica. Existem dois tipos de lógica. Existe a lógica comum, simples com frases do tipo: “Todos os homens têm uma cabeça; Sócrates é um homem; então, Sócrates tem uma cabeça.” Então há uma lógica mais elevada: “Existem duas portas. Uma está aberta.” Agora, você pode pensar que a outra porta está fechada,mas neste tipo de lógica, ela pode estar aberta. Não se pode chegar a uma conclusão. Quando você pula para uma conclusão, está criando problemas na sua vida e na de outros. Quando você manipula sua mente sem consciência, comete este erro.


As palavras que você repete dentro de seu sitema irão criar toda sua vida. Sua vida não é nada além dos pensamentos que você tem em sua mente. Existe a possibilidade de não enxergar a mensagem dos Mestres devido ao problema da lógica. Mas Krishna é um Mestre para o mundo todo. Ele conhece todo tipo de pessoa. Ele constrói as três sentenças de forma que não façamos suposições. Se pudermos supor, poderemos não enxergar a verdade nas sentenças.O Gita expressa a Verdade numa totalidade completa. Krishna criou chaves para todos os seres humanos. Repetidas vezes ele diz: “Renda-se a mim”. Ele expressa sua Divindade por completo.
Se você for egoista, irá rejeitar Krishna. Entretanto, se amar Krishna, poderá ficar encantado por sua forma. Ambos irão perder o espírito do Gita. Se você ficar encantado por sua forma, é como ter um copo de leite e reverenciá-lo porém sem bebê-lo. Somente pessoas que vivenciam Krishna entendem e conhecem o valor do Gita.
O homem cria Deus a seu próprio molde. Encaramos o Divino de acordo com o nível de nosso Ser; quão maduros estamos espiritualmente. Você ouve, mas raramente escuta. Observamos somente dois por cento das centenas de coisas que acontecem ao nosso redor. Isso é como ter somente duas páginas de um romance de cem páginas e tentar reconstruir o romance inteiro.
Os Antigos Mestres e Rishis criaram o sistema Indiano de comunidade. Começamos a desrespeitar o sistema. Entretanto nosso sistema de comunidades está vivo. Outras civilizações – Roma, Grécia – todas as culturas que vieram após a India, não sobreviveram. Tudo o que vemos agora são relíquias. A India tem 10.000 anos de história registrada. Nenhum outro país foi igualmente invadido. Ainda assim a India é o unico país que permaneceu dentro dos seus limites. A India jamais invadiu outro país. No fim, a India é a única cultura que não morreu. Ela permanece viva por causa do sistema de comunidade.
Uma coisa importante a ser notada é que o homem é uma criatura social. Ele sempre irá criar uma comunidade. Quando fui ao Brasil, um homem me perguntou como eu podia justificar o sistema de castas na India. Claro, nosso sistema de comunidades cometeu erros; seguiu as regras e perdeu o espírito. Mas o fato de não ser perfeito não significa que ele não funcione. É como um tumor no corpo. Não se pode abandonar ou destruir o corpo só porque ele tem um tumor. Só temos de remover o tumor, apenas isso. Mas não pense que outros países não têm suas próprias formas de sistema de classes. Observe como os passageiros da primeira classe olham para os da classe econômica em qualquer lugar do mundo.
Os Rishis fundaram o sistema de comunidades baseados em sabedoria e inteligência. Em outros países, é baseado em riqueza material e poder. É por isso que na América se é respeitado pela riqueza que se possui, e na India, pela sabedoria que se tem.
Todos estamos centrados em torno de sete emoções básicas: ambição, medo, preocupação, necessidade de atenção (nome e fama), comparação e inveja, ego e descontentamento profundo. Cada uma dessas sete emoções está relacionada com cada um dos sete centros de energia no corpo, os chakras: muladhara (raiz), swadisthana (ser), manipuraka (umbigo), anahata (coração), vishuddhi (garganta), ajna (testa) e sahasrara (coroa). No programa Life Bliss, ensinamos técnicas de meditação e discursos sobre como desbloquear esses chakras através do trabalho consciente com essas emoções.
Se você encara o Divino a partir do primeiro nível de Ser que está com o muladhara, você será atraído pela Deusa Lakshmi. Você rezará por riqueza. Entenda que é aceitável iniciar a sua vida através da prece, mas é uma coisa ruim terminar a vida em prece. Você precisa amadurecer e perceber as outras dimensões de seu Ser.
O Divino não é nada alem de um espelho. Você vê seu próprio reflexo no espelho e o toma pelo Divino. Uma pequena história: Um homem chega em casa completamente bêbado. Ele não consegue andar. Ele cai sobre a mesa de vidro e se corta. Ele vai ao banheiro e tenta se enfaixar. Então vai dormir. No dia seguinte sua esposa começa a perguntar: “O que aconteceu com você na noite passada, você se machucou?” Ele diz a ela que está bem. A esposa pergunta, “E por que você enfaixou o espelho?”
Se você está bêbado, não está consciente. Na vida, você está fazendo a mesma coisa – agarrando o espelho. Agarrar a forma é a mesma coisa. O espelho deve ser utilizado para você entender como curar-se. Da mesma forma, o Divino deve ser usado. Não cometa o erro de agarrar-se à forma do Divino. Você irá perder a Verdade.
A pessoa que encara Deus através do medo está procurando proteção. No nível seguinte, quando você encara através da preocupação, você pede a Deus para ajudá-lo a parar de se preocupar.
Muito frequentemente, você se preocupa com se preocupar. Entenda que a preocupação não é nada além de uma mistura de medo e ambição. Buddha terá o apelo da paz para você. Yoga e meditação serão atraentes pelo descanso que proporcionam à mente. Aqueles que vêm pela necessidade de atenção, ou por nome e fama: além de rezar para o Divino, vocês irão começar a agir como se estivessem representando o Divino. Somente seres Iluminados têm a maturidade profunda para lidar com essa tarefa, que isso fique claro. É mais problemático que recompensador. Quando você se emaranha em inveja e comparação, nunca descansa.
Um homem entra no bar. Ele pede cinco copos de cerveja e começa a bebê-los imediatamente. O atendente pergunta por que tanta pressa. O homem diz, “Você também estaria com pressa se fosse eu.” O atendente pergunta, “Por que?” O homem diz, “Só tenho cinquenta centavos”.
Se você está centrado em inveja e comparação, você sempre estará com pressa e sempre correndo. Se você está emaranhado no Ego, é muito difícil. Você começará a alegar ser Divino sem expressar as reais qualidades do Divino. O Upanishad diz que se você é Divino, você deve expressar através de suas qualidades, não de suas palavras. Devemos lembrar que o que fazemos falará por nós. O que falamos não trabalhará por nos.
Um egoista consegue somente jogar com as palavras. Você só obtém palavras, nenhuma experiência. Um Mestre Iluminado recria em VOCÊ a experiência que ele possui. Só sou Iluminado se puder dar-lhe a experiência. Quando estamos presos no nivel do ego, ao invés de oferecermos nosso ego ao Divino, o fortalecemos através do conhecimento.
Uma pequena história: Um rei vai caçar na floresta. Em mais de cinquenta árvores, existem marcas de alvos com uma flecha no meio. Ele quer descobrir quem é a pessoa que fez isso, pois certamente deve ser um Mestre. Repentinamente ele vê esse jovem menino com um arco e flechas de cor semelhante. Ele diz, “Hoje o declaro líder de meu exército. Como é que em idade tão jovem você alcançou tamanha perfeição?” O garoto diz, “É fácil. Primeiro disparo a flecha, depois pinto o círculo ao redor dela.”
Quando encaramos o Divino através do ego, fazemos a mesma coisa. Ao invés de mirar no centro, centralizamos o alvo. Quando encaramos através do sétimo nível, que é o sahasrara, nos sentimos profundamente gratos. Existem poucos que vivenciam isso. Quanto mais maduro você está, mais se sentirá conectado ao Mestre. Quanto mais maduro, mais gratidão irá sentir. Gratidão é a maior das atitudes. Se você encara Deus com gratidão, alcança Deus. Você percebe Deus.
Se você encara Deus a partir de qualquer um dos outros níveis de emoção, não irá conseguir relacionar-se plenamente com Deus. Você se relacionará com um semideus. Nossas emoções fazem de Deus um semideus. É a atitude através da qual encaramos Deus que determina as experiências que temos dele. Mesmo se você encarar Deus através do medo e ambição, Krishna realiza essas necessidades,para que você possa amadurecer e passar para o nível seguinte do Ser.
Primeiro, Deus dá Shakti (energia); todos os seus sonhos se tornam realidade. Então ele dá Buddhi (inteligência) e você compreende que a própria realidade é um sonho. Se você tem Shakti sem Buddhi, ela não permanecerá com você. A vida é uma pura bênção derramada sobre nós com cada respiração. Nossa própria consciência é um presente do Divino. Nos foi dado um número infinito de dádivas. Cabe a nós reconhecê-los e viver no paraíso, ou focar na lista de itens que não possuímos, e viver no inferno.
Krishna diz ser o mais elevado Divino, diz ser imortal. Que ter assumido a forma humana não faz dele um humano. Ele deve estar se referindo às dúvidas que viu na face de Arjuna, é por isso que ele fala assim. Ele tem de declarar a própria divindade repetidas vezes. Quando temos de repetir algo várias vezes, significa que algo está errado. Significa que a pessoa ainda não está madura o suficiente. Krishna diz que leva muitos nascimentos e mortes para chegar ao estado Iluminado. Mas você não tem de tomar muitas vidas. Todo momento é um nascimento – com cada inalação da respiração, você dá à luz a si próprio. Cada exalação é uma morte. Você pode entrar nesse conhecimento em um momento.
É fácil seguir Mestres falecidos. Você não tem de render o ego. O jogo é todo muito fácil e você pode pensar que está fazendo tudo o que precisa fazer. Mas um Mestre vivo é a morte para você – morte para seu Ego. Você tem de acordar. Ele irá sacudir você até as profundezas do seu Ser. O jogo não é seu. É Dele.
Nunca pense estar vendo um Mestre Iluminado como Ele É. No momento que vir um Mestre Iluminado como Ele é, você estará Iluminado.

domingo, 26 de abril de 2009

Sinopse do Discurso sobre o Bhagavad Gita em Los Angeles set/2005 - 6ºdia

Sexta-feira, 9 de setembro

Capítulo 6 – Olhe para dentro!

Um diretor de Hollywood está filmando uma grande produção no deserto e repentinamente um dia um velho indiano aparece e diz, “amanhã chuva”, e acontece; chuva torrencial. Após uma semana, o mesmo indiano aparece e diz, “amanhã tempestade”, e o diretor cancela a filmagem. Após três ou quatro vezes, o diretor está impressionado e diz ao assistente que contrate o indiano. Após um mês o indiano desaparece. O diretor consegue encontrá-lo e pede sua previsão pois tem uma importante cena no dia seguinte. O indiano dá de ombros e diz, “Não sei, o rádio quebrou!”.



Olhe para dentro antes de chegar a qualquer conclusão. Krishna está respondendo diretamente. Ele está continuando sua resposta do último capítulo em maiores detalhes. Não importa se você permanece como um karma ou um sannyasi; não afeta seu Ser; não faz diferença. Aquele que realiza ações sem se apegar a qualquer ação é um asceta, um brahmachari. Um brahmachari é o homem que vive com a realidade, com a Existência; que vive com Deus. Brahmachari não significa celibatário, como muitas vezes presumimos.

Quantas vezes realmente olhamos nos olhos das pessoas com quem vivemos? Não o fazemos por causa da tela de fantasias entre nós. Não estamos prontos para olhar a vida como ela é. Krishna diz que aquele que renuncia ao fogo não pode tornar-se um sannyasi. Fogo ou agni era a necessidade básica nos tempos antigos. Agora dependemos de telefones celulares e laptops. Através do tempo, os Mestres souberam como utilizar o fogo para se comunicarem com energias superiores. Toda a ciência pode ser reduzida ao uso de partículas de luz. Perdemos a chave. Os Vedas são a técnica para trabalharmos com partículas de luz. Quando a invasão cultural aconteceu, a tecnologia se perdeu. Então, aquele que renuncia o fogo ou agni não pode tornar-se um sannyasi. Da mesma forma, não é o fato de renunciarmos aos nossos laptopos e celulares que nos tornará um sannyasi. Toda a atitude deverá ser modificada. Esse único sloka carrega todo o sentido do Gita.

Krishna diz: “Permita que você eleve a si próprio ou você se tornará seu prior inimigo”.

Quando você pratica a técnica de viver sem medo e ambição você irá cair mas somente no início. Uma pequena história: Havia uma grande organização espiritual. Um monge de lá foi mandado para uma remota vila tribal. Porém houve uma série de reclamações a seu respeito. O presidente, após ouvir as reclamações, disse: “Nós enviamos a pessoa correta”. A secretária o questionou a respeito disso. O presidente explicou, “Ele é a pessoa correta porque está realmente fazendo algo. É por isso que temos reclamações”.

Da mesma forma, quando praticamos novas técnicas, iremos encontrar resistência. Você irá cair por diversas vezes. O seu sistema irá resistir. Irá criar todo tipo de reclamações. Nós sempre justificamos e encontramos algum argumento de forma a começar a criticar o professor como uma forma de escapar.

Buda em Seu último ensinamento sabidamente disse, “Deixe-se ser leve; deixe-se ser guiado por si mesmo.” Ninguém pode fazer nada a menos que você se eleve. Mestres Iluminados podem oferecer-lhe um satori – uma visão passageira. Mas só você pode escolher permanecer nessa Consciência.

Um homem foi até Buda um dia e disse, “A Iluminação é a coisa suprema. Por que você não a distribui a todos?”. Buda diz, “Ah, você quer Iluminação! Por favor dê uma volta e faça uma pesquisa de quantas pessoas querem a Iluminação.” O homem dá uma volta, retorna e diz, “Somente duas pessoas querem mas eles não podem vir até aqui. Você pode mandar entregar?”

Não estamos prontos para comprometer ou arriscar nada, ou tomar responsabilidades. Queremos somente mais um troféu para exibir. Deus é tão generoso que Ele concede a liberdade de ficarmos presos. Nem mesmo a liberação é imposta a você. Se for forçada, não é mais liberação. Krishna diz, “Deixe-se libertar por você mesmo”. Se fizer isso, você é o maior amigo de seu Ser. Se não fizer, é seu pior inimigo.

Por todo o capítulo, Krishna fala dos sentidos; como nossos sentidos funcionam. Para entender isso, temos de entender como a mente funciona. Primeiro nossos sentidos recebem a informação. Usarei nossos olhos como exemplo. Algo chamado chakshu na realidade enxerga através de nossos olhos. Para entender como isso funciona, pense em como nossos olhos podem estar abertos porém se estivermos intensamente escutando uma música não veremos alguém passando bem na nossa frente. A partir dos olhos, a informação é digitalizada – ela vai para um arquivo digital. De lá ela vai para a memória – o chitta. Lá ela é analisada para determinar o que está sendo visto. Se você estiver vendo um Swami discursando, você dirá, “isso não é uma árvore, isso não é uma casa.” Então a informação vai para a mente, o manas. A mente começa o processo de identificação: “Isso é um Swami, é melhor que eu o escute!” Então o arquivo vai para a inteligência ou buddhi. Aqui a conexão entre nós e o que estamos vendo acontece. O buddhi irá começar a se relacionar com a experiência. De alguma forma ele irá responder, e dependendo disso, você gosta ou não da experiência. O buddhi irá decidir e responder de acordo com sua experiência passada, associação e análise com a informação que ele vê. Então o arquivo completo vai para o Ego. Essencialmente, se o buddhi disser que está de acordo, você dará prosseguimento à experiência. O ego dá o comando e automaticamente o executa.

É dessa forma que nossos sentidos trabalham. Uma coisa importante a se notar é: durante esse processo, decidimos nossas ações baseados inteiramente em experiências e condicionamentos passados.

Um homem queria ir à praia passar as férias. Por uma semana ele procurou mas foi incapaz de encontrar a praia. Ele então viu uma placa dizendo “Praia Juga, à esquerda”. Ele voltou e o seu amigo perguntou se tinha gostado da praia. Ele disse, “Acabei não indo. Vi uma placa dizendo que a praia tinha ido para a esquerda então voltei para casa.”

Precisamos de um pouco de inteligência para progredir no caminho. Aqui, Krishna diz que aquele que alcançou o êxtase vai além dos sentidos. Para ir além dos sentidos não precisamos controlá-los ou destruí-los. Quando você tenta fazer isso, fracassa e perde a confiança. Se você tentar se privar dos sentidos, sua mente irá desfrutar deles em sonho. Se você reprimir qualquer desejo ele irá se expressar através dos sonhos e afetar seu Ser. Pense em como ainda se sente apavorado mesmo depois de acordar de um pesadelo; como seu coração ainda está disparado e você sente o medo fisicamente em seu Ser. O homem cujos sentidos estão claros, que não está sofrendo através dos sentidos, sua mente está clara. Ele toma a decisão correta a qualquer momento. Não podemos tomar decisões corretas quando nossa mente está cheia de memórias passadas e associações. Não se pode atingir o êxtase através do controle dos sentidos. A mente é o mestre, os sentidos são os servos.

Primeiramente, não se pode atingir o êxtase. O êxtase está acontecendo continuamente em você! Qualquer coisa que você tenha de atingir não tem valor. O êxtase é nossa natureza. Tudo que temos de fazer é percebê-lo. O êxtase é uma fonte. Apenas interrompemos o fluxo. Agora temos de parar a interupção! Sempre dizemos que os sentidos nos estragam, mas somos nós que estragamos os sentidos. Nós abusamos deles e os destruimos. Ficamos acordados até tarde assistindo filmes quando nossos olhos imploram por descanso.

Nossos pensamentos, nossa mente cria os sentidos. Não pense que você está vivendo com o que tem. Você está criando o que quer ter. Nossos pensamentos têm esse poder. Um único pensamento pode modificar a química do corpo por completo. São seus pensamentos que criam o seu corpo. Existe uma antiga ciência na India – Samudrika Lakshanan. Os Rishis podem dizer tudo a respeito de alguém apenas olhando para seu corpo e face. Eles sabem o segredo: que o corpo nada mais é que a expressão externa da mente. Se sua mente muda, seu corpo todo pode mudar. Tudo que temos de fazer é reprogramar nossa mente para olhar para dentro.

O que quer que você pense, você expressa. Se você está continuamente pensando em algo. Seus sentidos irão criar a experiência. Ao liberar sua mente, seus sentidos serão purificados. Quando você utiliza demais os sentidos, eles se tornam insensíveis. Você precisa de meditação para aumentar a sensibilidade; para aumentar a consciência. Nossos sentidos estão sempre voltados para fora. Apenas olhe para dentro.

Krishna diz: Aquele que está satisfeito com o que tem está Iluminado! O homem que desfruta nunca se preocupa com possuir. Aquele que possui nunca irá desfrutar. Algumas pessoas não conseguem desfrutar a não ser que possuam. Todo o problema está em onde você se identifica. Quando você deixa de lado a idéia de “o que eu vou ganhar com isso”, o atman ou alma começa a radiar e você percebe que não há nada a ser ganho ou alcançado, nem mesmo Iluminação. Quando você está Iluminado, não há nada para ser ganho ou alcançado. Automaticamente seu Ser respeita a todos de forma única. Não somos iguais. Somos únicos. Deus é um artista. Existe apenas uma coisa faltando na mente Iluminada: o Eu, o “o que eu vou ganhar com isso?”, o “de que maneira serei afetado?” O problema é como nos identificamos. Quer você aceite ou não, acredite ou não, vivencie ou não, VOCÊ É DEUS. A escolha não é se você é Deus ou não, a escolha é se você se identifica como sendo Deus, se você percebe e expressa isso.

Mais uma vez, a sociedade cria em nós a sensação que não somos suficientes, a sociedade nos manipula através da culpa, de forma que possamos ser explorados. A sociedade impõe padrões que jamais podem ser realizados e isso impede que nos sintamos suficientes. A culpa tornou-se parte de nosso corpo e mente. Você está além de corpo e mente. Você é Deus.

Quando reprogramamos nossas mentes, nossos sentidos passam por mudanças. Quando libertamos os sentidos, frio e calor são a mesma coisa, mesmo honra e desonra. Nós criamos a idéia de calor e frio. Na verdade se você pára de resistir a um dos dois, deixará de sentir ambos. É dessa forma que Yogis e Mestres iluminados vivem nas altitudes e na neve dos himalayas vestindo roupas laranja. A idéia de calor e frio serem a mesma coisa é mais fácil de aceitar que honra e desonra serem a mesma coisa. A razão para isto é que você se importa demais com a opinião dos outros.

Você não sabe quem você é, então você constrói uma identidade baseada nas idéias dos outros a seu respeito. Você não tem nenhum respeito próprio. Neste momento, sua fonte de energia é baseada na opinião dos outros a respeito de você. No entanto, se você olhar dentro de sua mente e vir quem está lá, com cuja opinião você está preocupado, você saberá que eles estão preocupados com a sua opinião, direta ou indiretamente! Medite sobre este sutra ou ensinamento e você será liberado dessa preocupação. Qualquer que seja a expressão sobre a qual nos concentremos, iremos alcançar aquela determinada experiência. Se você se concentrar em idéias sobre iluminação, elas iráo se aprofundar em seu Ser. Você irá vivenciar a Consciência da Iluminação.

Estamos sempre olhando para fora. Simplesmente olhe para dentro!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sinopse do Discurso sobre o Bhagavad Gita em Los Angeles set/2005 - 5ºdia

Quinta-feira, 8 de setembro

Capítulo 5 – Viva todas as suas Dimensões

O quinto capítulo começa com a pergunta de Arjuna: “Primeiro você me pede que renuncie ao trabalho, depois me recomenda que trabalhe com devoção. Qual é mais benéfico?”. Arjuna deve estar brincando. Um homem que é um rei não pode ser tão ignorante. Krishna está explicando tão claramente e Arjuna continua retornando à mesma questão. Ou eles estão ambos jogando um jogo, de forma que o Gita possa acontecer, ou Arjuna está num estado tal que ele não pode ser salvo. Nenhum outro livro é mais claro!


Não se consegue resolver a questão de qual é mais benéfico. Que balança você irá utilizar para medir se você se beneficiou ou não? Antes de chegar a uma conclusão, você precisa conhecer a balança com a qual está medindo sua vida. Do que você chama pular de um avião sem pára-quedas? Pular para a conclusão! O que quer que você utilize para medir sua vida, por exemplo, digamos que você utiliza dólares como balança, então ao fim de sua vida, você pode medir o quão bem sucedido você foi através da quantidade de dinheiro que conseguiu. Eu digo, ao fim de sua vida, se aprendemos através da Existência, da própria vida, a balança muda, felizmente.

Uma pequena história: havia um barbeiro, o barbeiro do rei. Ele vivia muito feliz e sua vida era um êxtase. Ele não tinha absolutamente nada com que se preocupar. Ele ia até o palácio todos os dias e ganhava dez moedas de ouro por barbear o rosto do rei. Um dia, retornando do palácio, ele ouviu uma voz retumbante: “Querido filho, você quer um pote com mil moedas de ouro?” E o barbeiro pensou, “Dez moedas são suficientes, eu não preciso de mais”. A voz diz, “Eu vou te dar vinte e quatro horas para pensar a respeito. Volte para casa, diga à sua esposa e volte para falar comigo.”. Ele então volta para casa, conta à esposa e ela grita “Idiota! Você deveria ter aceito o pote, você nunca me compra nada.” No dia seguinte ele pede o pote à voz. Imediatamente, um yaksha aparece. Um yaksha é um homem rico que nunca desfruta ou divide sua fortuna. O pote tem 990 moedas, apenas dez moedas a menos. O Barbeiro leva o pote para casa. Ele está muito contente pois pode relaxar por noventa e nove dias. Mas o pote não está transbordando, algo está errado. A esposa imediatamente se preocupa. No dia seguinte, ela tira as moedas novamente e como o pote não está transbordando, há um pouco menos moedas agora. Por uma semana ela fica muito infeliz. Ela não dá ao barbeiro nada para comer e continua tentando fazer com que o pote transborde. O barbeiro começa a parecer pálido e cansado. O rei nota e diz, “Você parece pálido e cansado, o que houve? Você aceitou o pote de Yaksha?” O barbeiro fica chocado. “Como você sabe disso?” ele pergunta. O rei diz “Qualquer um que esteja infeliz neste país, certamente aceitou o pote de Yaksha.”

Se você está infeliz em sua vida, procure ver se você não tem o pote de Yaksha. Ele está na sua cabeça; é a sua mente. O pote de Ytaksha é como nossa mente. Da mesma forma, em apenas dez dias nossa mente vai subestimar qualquer coisa. Ela sempre nos faz sentir insuficientes. O homem que continuamente sente que não é suficiente, ou que está medindo de acordo com alguma balança, estará sofrendo. O pote de Yaksha nunca está cheio.

Arjuna pergunta, “Agora por favor me diga qual dos dois caminhos é mais benéfico?” Essa é a pergunta que estamos sempre fazendo. O homem é um dilema. Sua mente não é nada além de dilema. Sua mente só existe enquanto você está entre dois extremos. No momento que você chegar a uma conclusão estará iluminado. Não pense que ignorância é felicidade. Se ignorância é felicidade, por que tanto sofrimento no mundo? Inocência é felicidade. Se você não tiver uma balança se sentirá preenchido. A primeira e última doença é o dilema.

A vida não possui um benefício em separado. A vida por si só é o benefício. Escreva poesia, pinte. Não pense em prêmios Nobel ou exposições em galerias. Faça algo a troco de nada por apenas trinta minutos, e esses trinta minutos o levarão à consciência de Krishna. Será o tempo mais útil gasto no seu dia. Por trinta minutos desça de sua cabeça, que está sempre calculando e esperando, para o seu Ser. Quando você trabalha com motivação, nunca se sente cansado. Você estará trabalhando por êxtase. Deixe que esse ensinamento crie raízes em você. Não prepare nenhum discurso a respeito para dividir com os outros.

Krishna é cheio de compaixão e paciência. Ele responde, “O trabalho por serviço de devoção é melhor que trabalho”. Desde tempos imemoriais, esta pergunta tem sido feita e respondida, mas ela ainda permanece nova. Ela ainda é relevante pois o homem ainda não aprendeu. O homem em si é um processo inconsciente. E ele nunca alcança. Se ele deixar que apenas uma depressão tome conta dele ele estará iluminado. A vida é o maior dos metres. A vida está sempre nos ensinando mas nunca aprendemos. Se todos os dias você decidisse aprender apenas uma lição, estaria iluminado há muito tempo. Mas continuamos cometendo os mesmos erros porque nossas mentes sempre trilham os mesmos caminhos por causa de engramas ou samskaras (padrões gravados do passado). Se vivermos através da memória, não seremos capazes de atingir a iluminação seja através do caminho da devoção ou do trabalho.

Uma pequena história: Dois amigos alugam um barco e vão pescar. Pescam cem peixes em um só lugar. Um deles instrui o outro a marcar o lugar para que possam voltar e pescar no dia seguinte. No dia seguinte, o amigo pergunta “Onde é o lugar?” O amigo responde “Eu marquei o lugar no fundo do barco.” “Tolo!” diz o amigo, “se nós não trouxermos o mesmo barco como saberemos o local?”.

Nossa mente é como água. Nunca conseguimos marcá-la. Nunca saberemos onde deixamos a marca. O caminho do karma é criado por ambição e desejo. O caminho de sannyas sempre é criado por medo da vida, medo de se machucar. Karma é correr atrás da vida, enquanto sannyas é correr da vida. Se mudamos nossa atitude, não importa o caminho em que estejamos. Se assumirmos a atitude errada, seja karma ou sannyas, nos levará ao sofrimento. Com a correta atitude seremos abençoados, cairemos na Consciência Universal. Ambos os caminhos podem levar à mesma Verdade. A menos que mude sua atitude, você não vivenciará o êxtase. Saiba também que desempenhamos ambos os papéis. Não somos puramente karma ou sannyas.

Um otimista é o homem que inventa aviões. O pessimista é o que inventa o cinto de segurança.
Ser, fazer e ter – essas três palavras precisam ser entendidas. Se você está continuamente fazendo com o objetivo de ter, você nunca terá nada. O homem que está fazendo somente para ter nunca será capaz de vivenciar o ter porque ele ainda estará fazendo. No entanto, o homem que está estabelecido em seu Ser irá desfrutar tanto do ter como do fazer. Por toda a vida temos corrido em direção à ganância e para longe do medo; ficamos presos em fazer e ter. Se você se centralizar no seu Ser, fazer e ter irão acontecer a você provenientes de extremo êxtase.

O presidente americano vai a Deus e pergunta, “Quando nosso país será número um?” Deus responde, “Em cinquenta anos”, e o presidente começa a chorar. “Eu não sei se ainda estarei vivo”. O presidente russo pergunta a Deus a mesma coisa. Ele responde “Cem anos”, e o presidente russo começa a chorar. O presidente da India vai a Deus e faz a mesma pergunta. Deus começa a chorar “Eu não sei se ainda estarei vivo ou não!”.

O que quer que seja criado a partir da ganância gera mais ganância. O que é criado através do medo gera mais medo. Quando você vivencia uma emoção em seu corpo, essa emoção se sedimenta em seu sistema e será criada mais e mais vezes. Se você puder permanecer centrado em seu Ser e não permitir que seu corpo se mova com aquela emoção, você será liberado. Se você puder fazer isso 11 vezes, mesmo após a terceira vez você terá conhecido a técnica de permanecer centrado em seu Ser. Aquela emoção poderá acontecer a você mais e mais vezes, até mais intensamente, e você permanecerá centrado. Decida conscientemente não viver através do medo e da ganância. Você não precisa se motivar ou incentivar com essas emoções. Você precisa confiar que tem energia suficiente para alcançar, só isso. Quando você é tomado por medo e ganância, vê o mundo em termos de medo e ganância. Quando está liberado de medo e ganância, você vê o mundo como ele é. Então essa é a técnica: simplesmente confie que você tem energia suficiente para funcionar sem medo nem ganância e comece a viver assim. Você irá viver pela Consciência Divina.

Tente isso por dez dias. Você pode ficar inquieto até tornar-se acostumado a viver com mais espaço interno. Você sentirá como se tivesse perdido algo. Consciente ou inconscientemente temos uma irritação constante dentro de nós, e é por isso que nos sentimos prontos para explodir a qualquer momento. Isso ocorre apenas porque não estamos acomodados em nós mesmos. Essa inquietação é entre nosso Ser e nós. É uma doença. Não nos sentimos à vontade porque não conhecemos nosso Ser. Não sabemos como relaxar em nosso Ser. Estamos sempre com uma tensão tão grande em nosso muladhara (raiz do desejo) e swadhishtana (raiz do medo). Krishna explica como relaxar essas áreas parando com o medo e ambição e recebendo a energia da Consciência Divina.

Num teatro escuro um homem sai para comprar pipoca e refrigerante. Quando ele volta, pergunta a uma senhora, “Pisei no seu pé?” “Para dizer a verdade sim” diz ela. O homem agradece “Então essa é minha poltrona”.

Na verdade, quanto mais diversão precisamos, mais existe algo errado em nosso sistema. Significa que estamos carregando depressão dentro de nós. Cansaço é somente a contradição interna entre sua vontade e sua ação. Você tem um problema com o medo e a ganância. Seu medo e ganância estão atacando você. Se você não conseguir controlar seu corpo e mente, nada pode estar sob seu controle. Da forma que estão, eles estão sob o controle da ganância e do medo.

Se você puder aprender o êxtase sem sua mente e seu corpo, você alcançou o propósito da mente e do corpo. Você ainda pode possuir o corpo e a mente, mas não será mais afetado ou perturbado por eles. Muito simplesmente, você estará Iluminado!

Sinopse do Discurso sobre o Bhagavad Gita em Los Angeles set/2005 - 4ºdia

Quarta-feira, 7 de setembro

Capítulo 4 – Caminho do Conhecimento

O quarto capítulo do Gita começa com um lindo sloka. É preciso entender que não é possível entendê-lo através da lógica. Primeira coisa: a Verdade não é nova. É eterna. Não é nova nem velha. Eterna significa que ela é para sempre. O Eterno é além do tempo. A ciência da Iluminação é eterna. A suprema ciência foi perdida no decorrer do tempo.

No discurso de ontem eu dei o primeiro vislumbre, a primeira coisa a ser compreendida. Se você deixar que essas palavras o penetrem elas podem levá-lo à iluminação. Se você sinceramente deixar essas palavras entrarem em seu Ser, a cura de bhavaroga, nascimento e morte, irá ter início. Sinceridade faz toda a diferença.

Uma pequena história: após escrever 5 bestsellers, um autor admitiu que não sabia nada sobre o que estava escrevendo. “Você vai parar de escrever?” perguntaram a ele. “Não” ele disse, “agora já sou famoso demais”.

Outra pequena história: Havia um monastério onde Lord Shiva era cultuado. O Mestre tinha um gato que lhe era tão próximo que pulava nele e perturbava a puja. Ele instruíra os discípulos a segurar o gato todos os dias antes do início do pooja. Como passar do tempo, o Mestre faleceu. O sucessor não cuidava do gato, que fugiu. O sucessor perguntou onde estava o gato. “Não podemos fazer pooja sem o gato” ele declarou. Eles tentaram apanhar outros gatos e não conseguiram, então finalmente abandonaram a puja!

Se você não é iluminado é isso o que acontece. A Verdade se perde. As palavras podem ser seguidas, mas o espírito é perdido. É por isso que os Upanishads sempre instruíram a ir até um mestre vivo. Os Vedas são o único livro com coragem suficiente para declarar que não são o conhecimento final. Eles dizem ser somente um manual, não um substituto para a experiência da Verdade viva que está encarnada em um Mestre vivo.

Somente um Mestre vivo que é também um rei pode ensinar a ciência suprema da espiritualidade. Somente um homem que tenha totalmente preenchido o espaço externo pode também ter o espaço interior. Espiritualidade é o luxo supremo. Se você ainda tem alguma esperança a respeito do mundo externo, não pode penetrar no mundo interior.

Não se pode dizer essa verdade a uma pessoa que não esteja pronta para ela. Irá criar problemas para ela e perturbar outros também. Quando você não está pronto, se experiências íntimas forem oferecidas, sempre existirá a dúvida. Se tiver coragem, você se oporá ou questionar abertamente. Se não tiver coragem, apenas verá como mais uma história, só isso. Quando compartilhadas, experiências espirituais íntimas deveriam servir como inspiração suprema. Deveriam dar-lhe a coragem de pular.


Um grande Mestre e poeta cantou alguns versos sobre Shiva. Seus discípulos mais próximos pediram que ele os publicasse em forma de livro. Ele respondeu " Não, como posso publicar isto! Eles são minha expressão íntima, minhas cartas de amor ao Senhor". Ele disse "Eu posso dividí-los com vocês porque vocês se tornaram uma parte de mim, e estão prontos para me receber". A menos que vocês entrem em uma inclinação profundamente recíproca, até que se tornem um simples Ser inocente, não podem receber a verdade.

Não se pode falar com Deus através de lógica ou prosa. Não se pode relacionar-se. Somente através da poesia é possível relacionar-se com Deus. É preciso amor, a linguagem do coração. Se Deus puder ser provado através da lógica, então a lógica irá tornar-se Deus.

Os ensinamentos que serão passados agora são muito sutis e profundos. Krishna diz a Arjuna, “Você é meu amigo e devoto. Essa é a razão pela qual eu vou expressar a Verdade a você.” Arjuna não só não entendeu, como ele entendeu errado.

Existiu uma Madre Superior que estava fazendo um discurso de despedida para todos os alunos que estavam partindo. Ele estava dando suas bençãos um por um. Ela perguntou a uma moça, “Querida, o que você vai fazer ao sair daqui?”. A menina respondeu “Eu vou me tornar enfermeira e começar a servir num hospital missionário”. Ela perguntou à próxima moça a mesma coisa, e a moça respondeu “Vou virar prostituta”. Ela desmaia. Vagarosamente conseguem reanimá-la, e ela pergunta à moça “O que você disse?” e a menina responde “Eu vou virar protestante”.

Se você não entender as palavras, irá entender errado a verdade. Você tem de descer de sua lógica ao coração e escutar a Verdade com todo o seu Ser. Estamos agora entrando no caminho da grande Verdade.

Arjuna pergunta como Krishna deu essa ciência ao Deus Sol. Temos de lembrar que Krishna tem apenas 32 anos e Arjuna é seu amigo e que agora ele está declarando sua Divindade. É a primeira vez que ele se abre e declara a Verdade de Sua Natureza. Krishna fala a Verdade Suprema do jeito que ela é. Quando o discípulo está pronto, você pode se abrir e dizer a Verdade como ela é. Cada Mestre é somente um bambu oco para o Divino.

Existiu um grande Mestre Iluminado Nisargadatha Maharaj. Um de seus discípulos o questionou, “Mestre, como você pode dizer que Mestres Iluminados não têm karma.” O Meste responde “Veja-me, não estou fazendo nada, é por isso.” O discípulo diz, “Mas você está falando comigo.”. Nisargadatha responde, “Não estou falando com você. É porque você quis falar que está ouvindo essas palavras”. Não existe ninguém dentro. É somente o Divino falando através dele.

Quando um homem normal diz EU, ele tem o suporte de sua sólida experiência. Quando ele diz Deus, não tem o apoio de nenhuma experiência sólida, é somente uma palavra vazia apoiada por uma imaginação do que seria Deus. Quando Krishna declara, “Eu sou Deus”, a palavra Deus é apoiada por Sua experiência sólida, e EU não tem sentido, é somente uma palavra vazia. Krishna diz, “Eu desci muitas e muitas vezes.” Ele mantém toda a ciência da Iluminação aberta para o futuro. Se você compreender a Verdade na natureza transcendental das atividades e aparências, uma vez que deixe o corpo também estará liberado.

Ele mostra a possibilidade: Se eu posso atingir a Iluminação, você também pode. Krishna é um dos poucos Mestres Iluminados com coragem suficiente para dizer que ele já desceu muitas e muitas vezes. Muitos alegam que são o último ou o único, porém Krishna claramente alega aqui que não só pode ser conseguido, mas também que pode ser conseguido por qualquer um! É como uma árvore dizendo a uma semente para ter coragem de se abrir. A semente tem medo de desaparecer, de não mais existir. No entanto a árvore é certeza para a semente. Da mesma forma, Krishna nos dá coragem. Ele nos encoraja a entrar na mesma Consciência. Não temos que temer o desaparecimento.

Arjuna luta para entender como o Divino pode descer e andar pela terra em forma humana. Essa é a batalha pela qual todo discípulo passa. Se o discípulo puder receber essas palavras ele poderá sedimentar a Verdade da alegação. Essa Verdade irá balançar todo seu Ser, ela irá transformá-lo.

Krishna reparte todo o conhecimento de nascimento e morte. Nascimento e morte são decisões conscientes da sua alma. Se você estiver pronto para receber isto, então você verá sua vida como uma bênção. Toda noite é uma morte, e quando acordamos voltamos à vida. O primeiro pensamento que temos determina toda a qualidade de Consciência que viveremos naquele dia. Para a maioria de nós é medo e ganância. Um Ser Iluminado assume a forma simplesmente para repartir seu amos e compaixão. Cada dia é uma dádiva de Deus, uma bênção.

Se você assumir essa atitude você se tornará uma encarnação. Essa é a técnica direta para tornar-se Krishna!